Recenseamento à prática dominical nos Açores
Formação para a Prática Dominical
Do apuramento provisório do Recenseamento à Prática Dominical, em 2001 nos Açores, resulta uma descida de cerca de 6-7% em relação a 1991. Neste sentido, os Açores acompanham a diminuição da prática dominical em Portugal, ficando, todavia, longe da média da descida nacional (cerca de 15%).
A prática dominical nos Açores é também predominantemente feminina e de 3ª idade. É de assinalar a baixa frequência à Missa dominical das faixas etárias masculinas, correspondentes à população activa. O chamado grupo “crítico” é constituído “grosso modo” pela juventude. Nesta faixa etária, há, contudo, uma diferença, em relação ao Continente. Nos Açores, não se verifica a diminuição significativa da prática religiosa das raparigas em relação aos rapazes.
Para se chegar a percentagens mais exactas, vai ser necessário esperar pelos resultados definitivos do Censo de 2001. Para já, uma primeira leitura global dos resultados do Recenseamento à Prática Dominical, aqui nos Açores, indica três grandes desafios: a “inculturação da fé”, a iniciação cristã, a formação contínua.
Antes de mais, o desafio da “inculturação da fé”, que tem muito a ver com a capacidade da Igreja em transmitir a fé às novas gerações. Trata-se de evangelizar a nova cultura emergente, de que os jovens são portadores. Se não entendemos os jovens e os jovens não nos entendem, não há “inculturação da fé”.
Não há dúvida de que, teoricamente, o esquema catequético de 10 anos, em vigor em Portugal, é modelar. Mas, na prática, pelo menos entre nós, não atinge os resultados esperados. Era suposto que, após um prolongado currículo de 10 anos de catequese, tivéssemos um “cristão feito”. Ora isso não acontece.
2. Está em causa a iniciação cristã, que praticamos. O currículo catequético, tão longo e bem estruturado, não “faz cristãos”. Continuo a crismar, após 10 anos de catequese. Verifico que só uma minoria de crismados se envolve e empenha na comunidade. Às vezes fico com a impressão de que no dia do crisma recebem um diploma, não de empenhamento cristão, mas de “católico não praticante”.
O Secretariado Diocesano da Catequese, na sua reunião de Julho passado, propôs uma avaliação da situação e sugeriu que a caminhada de preparação para o Crisma fosse mais de tipo catecumenal, logo a seguir aos 10 anos de Catequese.
A Pastoral Juvenil, com uma dinâmica diferente da Catequese, poderia constituir um tirocínio da inserção na comunidade, com um itinerário de empenhamento concreto, que culminaria com o Crisma. Será essa a solução, ou não teríamos que voltar ao esquema originário da iniciação cristã: Baptismo, Crisma, Eucaristia?
3. O Catolicismo açoriano está muito marcado pela religiosidade popular. A fé era transmitida quase por osmose. Ora, isso hoje também já não acontece. Se é católico, sempre menos por tradição. Exige-se, cada vez mais, uma forte convicção pessoal.
Daqui o desafio da formação, prioridade das prioridades. Por isso, a Diocese dispõe de uma Vigararia Episcopal para a Formação, que pretende promover, em cada Ilha e/ou Ouvidorias, “Escolas de Formação Cristã”, com o apoio do Seminário Episcopal de Angra, do Instituto de Cultura Católica em Ponta Delgada, no âmbito do qual está a funcionar uma Extensão do Curso de Ciências Religiosas da Faculdade de Teologia da UCP. Recentemente estão-se a estabelecer contactos com o Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro, com perspectivas muito interessantes para uma Diocese de território descontínuo como a nossa, nomeadamente a oferta de Cursos de “Teologia à Distância”.
Foi também com esta preocupação formativa que a Diocese lançou, neste ano pastoral, o Triénio da Palavra. Serão três anos, em que a programação pastoral terá como objectivo geral a valorização da Palavra de Deus, anunciada com a frescura do primeiro anúncio, qual Boa Nova, que dá sentido e sabor à vida. Será esta também a maneira de chegar e interessar os que se afastaram da Igreja. “É que a fé nasce da pregação e o instrumento da pregação é a Palavra de Cristo” (Rom 14, 17).
D. António de Sousa Braga
Bispo de Angra
Missas e média de
participantes por ilha |
||||
Ilhas |
Missas |
H/Missas |
M/Missas |
P/Missas |
Sta
Maria S.
Miguel Terceira Graciosa S.
Jorge Pico Faial Flores Corvo |
11 205 115 13 30 45 34 14 3 |
12 61 45 35 46 32 59 20 13 |
52 96 70 69 59 54 86 32 27 |
84 158 116 104 107 86 141 53 40 |
Total |
470 |
50 |
79 |
129 |
Variação
% de praticantes e população 1991-2001 |
||||
Ilhas |
1991 |
2001 |
D
% Prat. |
D
% Pop. |
Sta
Maria S.
Miguel Terceira Graciosa S.
Jorge Pico Faial Flores Corvo |
1.519 38.672 17.241 1.535 3.577 4.639 5.937 1.321 156 |
922 32.434 13.293 1.356 3.146 3.887 4.923 751 120 |
-39.3 -16.1 -22.9 -11.7 -12.0 -16.2 -17.1 -43.1 -23.1 |
-5.0 +4.4 +0.2 -8.1 -5.3 -2.6 +3.7 -7.8 +6.4 |
Total |
74.597 |
60.832 |
-18.5 |
+1.8 |
Praticantes
em 1991 e 2001 e variação % |
|||
G. etários |
1991 |
2001 |
D
% prat. |
05-14 15-24 25-39 40-54 55-69 70
+ |
35.8 31.1 23.5 37.2 45.8 35.4 |
26.0 21.1 18.8 33.1 37.7 42.2 |
-27.3 -32.4 -19.9 -10.9 -17.7 +7.2 |
Total |
34.2 |
27.7 |
-18.7 |
Praticantes
por grupos de idade e sexo
em relação à população de 1991 |
|||
G.
etários |
Homens
|
Mulheres
|
Total
|
05-14 15-24 25-39 40-54 55-69 70
+ |
22.5 16.3 13.2 25.0 30.8 41.2 |
29.8 26.1 24.8 41.1 43.6 43.0 |
26.0 21.1 18.8 33.1 37.7 42.2 |
Total |
22.0 |
33.3 |
27.7 |